Lições da indústria fonográfica para os varejistas brasileiros e o e-commerce cross border

Lições da indústria fonográfica para os varejistas brasileiros e o e-commerce cross border
Varejistas nacionais estão sentindo o impacto da presença dos e-commerces internacionais no Brasil e buscam por formas de tornar essa disputa mais equilibrada, mas só isso não é o suficiente. O movimento cross border não tem volta e é preciso saber se apropriar dele. Entenda!

Empresários e associações do varejo brasileiros estão em busca de condições de concorrência igualitária com as importações vindas do exterior, principalmente dos países asiáticos. Cerca de 500 mil pacotes internacionais passam pelas alfândegas brasileiras diariamente, mas somente cerca de 2% dos pacotes são efetivamente fiscalizados e tributados. Isso permite que os consumidores importem produtos a preços muito inferiores aos praticados no país, gerando uma concorrência desigual para o mercado nacional.

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A disputa não é justa, mas o mercado varejista precisa entender que a prática do e-commerce cross border diz respeito a um movimento global e sem volta. A chave para essas dores é encontrar uma maneira de unir a área à implementação de regras isonômicas, que gerem oportunidades a todos, respeitando as normas legais.

Mas não é a primeira vez que vivenciamos grandes transformações como essa no mercado. O setor fonográfico enfrentou desafios semelhantes e conseguiu fazer uma transição bem-sucedida.

Lições da Indústria Fonográfica

O setor fonográfico, liderado pelo Spotify, passou por uma transição bem-sucedida. Inicialmente, as músicas em formato MP3 permitiam que as pessoas tivessem uma enorme biblioteca virtual. No entanto, o acesso a essas músicas era um desafio, pois era necessário baixar arquivos e armazená-los em equipamentos. Isso levou a uma pirataria que prejudicou a indústria fonográfica e os artistas, reduzindo as receitas das gravadoras.

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Essa situação gerou conflitos com iniciativas que ofereciam conteúdo gratuito, resultando em processos judiciais contra sites como o Pirate Bay. No entanto, ninguém percebia que a indústria da música não desapareceria e que as plataformas de streaming continuariam a evoluir.

O iPod, criado pela Apple, permitiu que as gravadoras e artistas recebessem por cada música baixada. No entanto, a adesão foi limitada, pois era necessário usar uma plataforma específica. A maioria das músicas baixadas ainda era pirata.

Foi quando o Spotify percebeu que as pessoas valorizavam mais o acesso do que a posse. Assim, surgiram as plataformas de streaming, que permitem que as músicas sejam “alugadas” e compartilhadas instantaneamente no celular, sem a necessidade de equipamentos especiais. O acesso é gratuito, mas serviços adicionais, como pacotes premium, remuneram os envolvidos na indústria musical.

No comércio eletrônico cross border, a maioria dos impostos não é paga, mas os usuários não buscam sonegar impostos. Eles desejam uma variedade de produtos em um mercado globalizado e dinâmico. Portanto, o setor varejista precisa adaptar seu pensamento sobre as plataformas e fornecer exatamente o que os consumidores desejam: variedade, qualidade e preços baixos.

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Respeito aos Direitos Humanos e Legalização

Além disso, é essencial considerar o respeito aos direitos humanos. Atualmente, há uma crescente preocupação com questões como ESG (Environmental, Social and Governance) e condições de trabalho. A legalização dessas operações de forma dinâmica, moderna e inovadora pode resolver todos os desafios do ecossistema de uma só vez.

Assim como ocorreu na indústria da música, em que não houve um único vencedor, o setor varejista também pode beneficiar várias partes interessadas, incluindo empreendedores, órgãos fiscais, consumidores e plataformas internacionais. É necessário aplicar inteligência, empatia e tecnologia de ponta para transformar essa situação em um cenário favorável para todos.

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